A Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde participou, em 1º de outubro, do 17º Congresso Brasileiro de Enfermagem em Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização, realizado no Transamerica Expo Center, em São Paulo, e que segue até sexta-feira, dia 3. O presidente da ABRAIDI, Sérgio Rocha, foi um dos palestrantes do evento e criticou, de forma construtiva, o atual modelo da saúde suplementar no Brasil, além de abordar questões relacionadas à saúde pública.
O evento tem como tema central “O poder do cuidar”, em um cenário de crescentes desafios na saúde. “O cuidar vai além das práticas assistenciais, envolve o bem-estar da equipe e a importância econômica da profissão frente às transformações do setor. Um dos pilares do Congresso é incentivar o estudo acadêmico e o avanço das pesquisas para melhorar a assistência”, ressaltaram os organizadores.
Sérgio Rocha destacou que o problema da valorização profissional vai muito além do salário: “Exige regulamentação, qualidade e comprometimento. Tenho 45 anos nessa área e posso dizer que pouca coisa mudou — seguimos com profissionais sobrecarregados, com múltiplos empregos para sobreviver e uma percepção de que basta cumprir horário. Precisamos resgatar o sentido do nosso trabalho, que não é apenas uma função, mas uma missão”. E completou: “Na saúde, muitos passaram a enxergar a profissão apenas como um serviço, quando, na verdade, é uma responsabilidade coletiva, já que lidamos com vidas humanas”. Para ele, esse cenário vem se agravando com a proliferação de faculdades de medicina pelo país, muitas vezes sem critérios. “Estamos formando milhares de médicos por ano sem garantir a qualidade da formação, o que só agrava os problemas de ética e segurança na saúde”, lembrou.
Em outro trecho da conferência, o presidente da ABRAIDI afirmou que, atualmente, muito se fala em tratamento personalizado, mas a medicina sempre foi assim: “Não existe um único remédio ou produto que sirva para todos os pacientes”. Para Sérgio Rocha, a indicação precisa ser individualizada e adequada com total autonomia, ética e decisão conjunta entre médico e paciente, sem interferências externas e/ou imposição de pacotes cirúrgicos, como praticados por operadoras. “Afinal não tem sido nada ético, para dizer o mínimo, a sobreposição da lógica financeira à conduta clínica, a pressão econômica dos planos de saúde sobre os fornecedores e o cerceamento do poder de escolha do paciente e da autonomia médica”, explicou. “Nesse contexto, comprometemos a qualidade, a segurança do paciente e a essência da medicina”, completou.
Segundo Sérgio Rocha, além disso, “falta transparência, a conduta ética vale para todos: para quem comercializa a tecnologia, para quem indica, para quem avalia (auditoria) e para quem paga. Na maioria das vezes, os pacientes sequer sabem qual prótese, válvula ou stent receberam, e isso é inaceitável, já que eles conhecem a marca do antibiótico que ingerem, por exemplo. Precisam conhecer mais sobre os dispositivos médicos que são implantados em seus corpos, assim como fazem tão bem com os medicamentos”, finalizou.

