Fórum ABRAIDI é encontro anual para discutir distorções setoriais

Encontro tem sido tradicional, pelo sexto ano, e visa buscar soluções para a sustentabilidade econômico-financeira do setor.

O Fórum ABRADI 2023, realizado em 25 de abril na Amcham Brasil, em São Paulo/SP, marcou o lançamento da 6ª edição do Anuário ABRAIDI “O Ciclo de Fornecimento de Produtos para Saúde no Brasil” com a apresentação do presidente Sérgio Rocha e patrocínio da Diferencial Tributária, Hospitalar e Suprevida.

O diretor executivo Bruno Bezerra fez a abertura do evento que contou com a presença de lideranças do setor, políticos e empresas associadas e foi presencial e transmitido ao vivo pelo YouTube. O Fórum com temáticas bastante atuais também apontou direções futuras com debates sobre mercado público de saúde que é o maior do mundo, reforma tributária e o modelo de negócios de distribuidores de fornecedores. Foram destacadas ainda as ações promovidas pela Associação como as de compliance, LGPD, regulatórias, advocacy e o programa Conexões ABRAIDI.

Painel 1:

O presidente Sérgio Rocha abriu o Painel 1 que tratou da busca por eficiência, profissionalização da gestão, consolidação, além das perspectivas para o modelo de negócios dos fornecedores face às mudanças do mercado. Os debatedores foram o VP de Estratégia e Novos Negócios da Viveo, André Pacheco; o CEO do Grupo Elfa, Andrés Cima; e a CEO do CT Group, Cândida Bollis.

André Pacheco afirmou a Viveo tem buscado se aprofundar nos desafios dos clientes. “Atualmente somos um dos três maiores fornecedores do Brasil, na área de saúde. Estamos constantemente em busca por desenvolver soluções e que ao mesmo tempo sejam sustentáveis”. Andrés Cima destacou a importância de simplificar o sistema de saúde. “Temos auxiliado os hospitais a eliminar as ineficiências”, concluiu falando dos serviços que o Grupo Elfa fornece. 

Cândida Bollis abordou a questão da eficiência entre os players que precisa ser mais discutida e ampliada. “Precisamos investir nisso, que atualmente representa um custo enorme. A equipe que mais cresce na minha empresa é para cobrar faturamento. Outro exemplo é que ‘não temos cirurgia eletiva no Brasil’. É tudo para última hora, de ontem para hoje. Isso não é saudável e custa caro. É difícil escalar nesse modelo”, criticou a CEO do CT Group.

Painel 2:

A segunda mesa de debates abordou o fornecimento de produtos para  saúde ao SUS com discussões sobre os problemas de financiamento, dificuldades operacionais e propostas de melhoria com moderação do diretor técnico da ABRAIDI, Sérgio Madeira. Participaram o diretor de Projetos da Secretaria de Atenção Especializada em Saúde do Ministério da Saúde – SAES/MS, Aristides de Oliveira Neto e o Deputado Federal, Pedro Westphalen (PP/RS).

Sérgio Madeira, na abertura, destacou que os implantes na área de saúde surgiram na década de 1990 com margens confortáveis de lucros para as empresas, mas que com o tempo foram sendo estranguladas e, além disso, vários outros serviços foram incorporados por distribuidores e importadores, com a absorção de custo. “Com o tempo chegamos na realidade atual com margens tão estreitas que afetam a sustentabilidade como um todo”, finalizou.

Aristides de Oliveira explicou que as OPMEs seguem com pagamentos conforme a Tabela SUS. “Não é um valor que obrigamos, mas é apenas uma base e um piso de referência para repasses do Ministério da Saúde. Não tem a pretensão de listar todos as OPMEs. Mas é um modelo que precisa ser superado com foco mais na qualidade e no paciente”, contextualizou.

O Deputado Pedro Westphalen, que é integrante da Frente Parlamentar da Saúde e da Comissão de Saúde na Câmara dos Deputados, lembrou que o SUS é a maior conquista dos brasileiros. “E a pandemia escancarou fragilidades, mas também pontos positivos como o fato de o sistema público chegar nos lugares mais longínquos deste país. A saúde suplementar é igualmente essencial, assim como a produção nacional e os importadores que contribuem para o funcionamento desse nosso modelo tão complexo. O setor precisa ter estabilidade, previsibilidade e segurança jurídica e nós no parlamento estamos atentos a isso”, afirmou.

Painel 3:

A Reforma Tributária e seus efeitos no setor da saúde foi a temática do Painel 3 do Fórum que teve a moderação do diretor executivo Bruno Bezerra. Participaram o diretor executivo da Confederação Nacional de Saúde – CNSaúde, Bruno Sobral; secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy; e o presidente da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde – ABIIS, Carlos Eduardo Gouvêa.

O secretário Bernard Appy explicou as propostas que estão em tramitação no Congresso Nacional e pretendem unificar impostos com características um pouco distintas, mas com propósitos semelhantes de um IVA único ou múltiplo para cada ente de federação. “A simplificação deve coibir com algumas distorções como a guerra fiscal que se tornou disfuncional, apesar de ter tido uma importância no começo”, exemplificou. “Temos um sistema que atrapalha o desenvolvimento e faz o país crescer com menor eficiência. Quem trabalha com ICMS sabe a complexidade de qualquer empresa para conhecer as regras de 27 estados”, completou.

Bruno Sobral da CNSaúde abordou o impacto da reforma entre os prestadores de serviço e comparou com os países da OCDE. “Desde 2019 estamos estudando a fundo e com muita base técnica. Olhamos como funciona nas mais de 120 nações que  utilizam o IVA, sendo que a grande maioria não apresenta tributação alguma, o que nos mostra a necessidade de tratamento diferenciado também aqui no Brasil”, resumiu. Carlos Eduardo Gouvêa da ABIIS apresentou os números setoriais do mercado com itens essenciais “desde o primeiro respiro até o último suspiro”. “É um segmento com grande impacto com qualquer decisão que seja tomada na reforma. Precisamos unir esforços entre todos os players para buscar a neutralidade fiscal, já que não temos como absorver qualquer aumento tributário”. O presidente da ABIIS ainda mostrou que a não renovação da isenção do convênio no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária – Confaz teria um impacto de três vezes o valor da renúncia fiscal. Para finalizar, Gouvêa ressaltou a relevância para que o país debata também a reforma administrativa.

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