“Necessitamos expandir princípios éticos para hospitais e planos de saúde. Não adianta ter um sistema de compliance e na hora de negociar com o distribuidor ter uma atitude predatória”, afirmou Bruno Bezerra
A Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde esteve representada na abertura do Américas Ética na Saúde. O fórum virtual transmitido a partir de Brasília, em inglês, português e espanhol, debateu durante dois dias, 17 e 18 de agosto, temas como ética, integridade de negócios, transparência e boa governança com lideranças do setor.
O diretor-executivo da ABRAIDI, Bruno Bezerra, que também acumula o cargo de presidente da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde – ABIIS – participou do discurso inaugural do evento, na sede da Organização Panamericana de Saúde, ao lado da representante da OPAS/OMS no Brasil, Socorro Gross Galiano, e do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Bruno Bezerra destacou as criações do Instituto Ética Saúde pela ABRAIDI e Instituto Ethos e a Coalizão Interamericana, hoje com 21 entidades membros nas Américas. “É primordial o compromisso pelos princípios éticos de todos os atores da saúde, seja público ou privado, e ainda buscarmos eliminar as distorções existentes atualmente no setor”, completou.
Logo após a sessão, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, recebeu documento que revela anomalias no setor da saúde e o impacto da pandemia de Covid-19 para os distribuidores e importadores. O Anuário com os dados setoriais, juntamente com a 4ª edição do Código de Ética e Conduta da Associação, foi entregue por Bruno Bezerra, e pelo diretor técnico da ABRAIDI, Sérgio Madeira.
Integridade não é hermética
O diretor executivo da ABRAIDI fez uma segunda apresentação no painel que debateu soluções inovadoras para fortalecer as relações éticas com intermediários terceiros no setor de tecnologia médica. Bruno Bezerra parabenizou a Advanced Medical Technology Association – AdvaMed pela produção do Kit Padrão de Compliance para Distribuidores apresentado por Nancy Travis, vice-presidente Global de Governança e Compliance da Associação norte americana. O diretor lembrou que material auxilia os associados. “Fizemos o lançamento do Kit em nosso curso básico de compliance e houve 230 downloads para os documentos. O que revela a importância da iniciativa para empresas pequenas, médias e também companhias familiares”.
O executivo ainda destacou desafios setoriais como transformar os “Princípios de Bogotá” em orientações, com atualizações constantes, que atendam a operação diária dos distribuidores. O documento, que foi desenvolvido e aprovado pela Coalizão Interamericana de Ética, em 2017, orienta a adoção de práticas éticas nos negócios no setor de tecnologia médica, aplicáveis às associações de fabricantes de dispositivos, incluindo diagnóstico e distribuidores do hemisfério Ocidental.
“Não podemos olhar para a integridade como algo hermético e necessitamos expandir esses princípios para hospitais e planos de saúde que protagonizam distorções e problemas crônicos no Brasil. Não adianta ter um sistema de compliance e na hora de negociar com o distribuidor ter uma atitude predatória. É fundamental estreitarmos relacionamentos com outros players para garantir a sustentabilidade de todo o sistema de saúde”, completou Bezerra.
Para o diretor da ABRAIDI o mais novo desafio é o da Lei Geral de Proteção de Dados, recentemente implantada no Brasil e inspirada na legislação europeia. “A LGPD tem potencial de mudar processos e forma de manipular dados de pacientes e a nossa experiência pode auxiliar outros países que também tenham uma legislação semelhante”.
O painel com Nancy Travis e Bruno Bezerra teve ainda a participação de Hugo Alberto von Ancken, líder do Setor Regional – América Latina, Conformidade Sanitário, da Johnson & Johnson Medical Device Companies; Victoria del Castillo, diretora executiva da CADIEM, Argentina; e Ana Riquelme, diretora executiva da AMID, México.